"Não me roube a solidão sem antes me oferecer verdadeira companhia."


Friedrich Nietzsche



quarta-feira, 6 de julho de 2011

 Era um desafio. Uma aposta, não para ver quem seria o melhor ou mais correto. Tampouco uma provocação entre rivais. Apenas uma forma de incitar o que temos, esquentar até o ponto de ebulição e assistir isso ferver em um bom tamanho e em uma fonte legível.
 Tudo bem, ela gosta de diálogos. E vocês sabem que eu não escreveria um agora. Isso daria muita moral para ela, que deve estar concentrada em sua parte da aposta, em seu universo vermelho de letras brancas e pensamentos desatados.
 Meu universo é de preto no branco, sempre acompanhado de cerveja. And fuck off, se coloco títulos em inglês e nem sempre falo a verdade. No final, quem realmente quer ler as verdades de alguém? Que diferença faz se escrevo sobre o que sinto ou sobre o que invento? É sempre a mesma história, digitada pelos mesmos dedos, criadas em cima da mesma tela branca com correção automática.
 Não se trata de vencer... Não ligo pra esse tipo de vitória. A única vitória que me importa é a de domingo no pacaembú ou a de quarta-feira "fora de casa", e se você me conhece não preciso explicar sobre o que estou falando. Esta aposta trata-se apenas de não deixar que ela deixe seus "pensamentos desatados" de lado por causa da faculdade ou porque já deveria estar dormindo e que está fodida amanhã.
 Trata-se da minha curiosidade incomensurável sobre o que ela deve estar escrevendo. Trata-se de imaginar quais piadas está fazendo, quais palavras escolhe e com quantas metáforas e parágrafos irá enfeitar suas linhas. Trata-se de tentar adivinhar quais são as duas pessoas que vão conversar bem na sua frente...



"Ela caminha pisando em falso. Lento e rápido ao mesmo tempo. Pisa nas poças como se pisa em corações, com força, com temor, com raiva..."