"Não me roube a solidão sem antes me oferecer verdadeira companhia."


Friedrich Nietzsche



quarta-feira, 30 de novembro de 2011

Mas você sempre some...

   "Por isso eu corro demais, corro demais... Corro demais, só pra te ver, meu bem." 

   Eu sei... A vida nem sempre colabora, o tempo corre de vez em quando, estaciona vez outra. Mesmo que o mundo continue girando em um contínuo movimento, alguma coisa sempre elimina a gravidade ao nosso redor, diminui nossa noção de tempo e espaço... E tudo bem, isso tudo é a nossa vida.
(Mas você sempre some.) 
   É foda! Entre um gole de uísque e outro de cerveja. Mesmo quando estou sóbrio... É difícil não saber o que você realmente quer de mim, e isso não é uma cobrança. Apenas dúvida e esperança. Eu quero você, de qualquer jeito, em qualquer dia, à qualquer preço.
(Mas você sempre some.)
   Talvez não seja culpa sua, talvez quase nunca seja, mas eu sinto saudades e quase sempre alguma coisa me impede de te ver, de conversar... E é por isso que eu escrevo aqui, pra ti. Pra que você se encontre nessas linhas, em algumas frases. Pra que você saiba que eu lembro de você. Pra que você saiba que eu me importo.
(mas você sempre some.)
   Só não some da minha cabeça, da minha rotina, das mensagens do meu celular. Só não some dos meus pensamentos, da minha vontade. Só não some das lembranças dessa sua boca linda, não some do cheiro da minha roupa. Você não some, nunca, quando lembro do sorriso que me deixa em pedaços.
(Mas você sempre aparece.)
   Às vezes, não gosto disso. Acho que acaba te afastando mais ainda. Não gosto de falar tão abertamente, acho que me deixa vulnerável. Acho que me entrego muito. Pra você. Sem querer. E você consegue ver? Te vi por tão pouco tempo e te acho tão importante, tão necessária... Devo estar ficando louco, devo estar querendo muito com meu pouco. É normal, às vezes , esqueço por algum tempo e consigo seguir solto.
(Mas você sempre aparece.)

"Se você vivesse sempre ao meu lado eu não teria motivos pra correr e devagar eu andaria... Eu não corria demais. Agora eu corro demais... Corro demais, só pra te ver meu bem."

quinta-feira, 24 de novembro de 2011

Knockout!

Olhe para dentro de ti e perceba: Você não precisa gostar de tudo!
   Na maioria das vezes queremos o difícil, o que não podemos ter. Você não precisa de alguém que te entenda, só precisa começar a entender que você não foi feito para ser desvendado, entender que você é um mistério pra você mesmo e sempre será. Você é um segredo e se deixar que te descubram, não será nada de mais importante.
   Chega de toda essa conversa! As pessoas simplesmente não são feitas umas para as outras. Elas são feitas pra si mesmas. Você pode até esbarrar com alguém parecido contigo, se tiver azar. É uma lastima dividir tempo demais com alguém tão igual, que sempre te compreende. Você não precisa disso! Se quer alguém que te obedeça e te aceite, arrume um cachorro.
   A ideia de compartilhar momentos e experiências com alguém deve servir para absorver coisas boas e ruins, e na maioria das vezes as pessoas vão te decepcionar, inclusive as pessoas que você trouxe pra mais perto. Ninguém é imune a isso, porque as pessoas falham, não porque não te querem bem, apenas porque são pessoas e isso basta.
   Olhe pra dentro de ti e aceite. A dor não precisa ser ruim, só é se você escolher assim. Acabamos sofrendo por antecipação, por coisas que não aconteceram, por dúvida. Você não precisa de alguém com dinheiro... A quem você quer enganar? Acha que alguém vai mudar sua vida? Você não precisa atualizar seu estado civil. Não precisa de aprovação, nem de comentários.
   Você só precisa se dar um tempo. Você precisa se encontrar com os amigos que sumiram, lembrar do que era importante, das coisas que uniam copos, garrafas e gargalhadas em uma mesa de padaria. Lembrar das coisas simples. Você só precisa respirar, sentir as dores dos golpes. Não precisa se levantar, deixe que eles abram a contagem e só se erga quando essa tontura passar e você conseguir andar reto. Depois disso, não há nada que um banho, um café quente e alguns comprimidos não te façam superar.

segunda-feira, 14 de novembro de 2011

- I really can't stay...

   - But baby, it's cold outside.

   Ainda me pego pensando em tudo isso, na mentira que tudo parece ser. Em tudo que os olhos insistem em ver. Ainda me afogo em doses intragáveis para amortecer tudo que desaba dentro da minha memória.   Fica mais leve assim, mesmo que me tire do caminho por algum tempo, mesmo que escape alguns segredos de dentro de mim.
   No final, eu sempre estrago tudo, com um toque, como um Midas ao contrário. Mas é de minha natureza. Cada pessoa tem uma qualidade predominante e a minha é acabar com tudo. Alguém precisa fazer isso, assumir o compromisso de transformar o bonito demais em algo normal, que pode ser tocado e quebrado. São só palavras.
   Houve um tempo em que eu escrevia essas maluquices em guardanapos, em mesas de qualquer bar, bebendo cerveja e conhaque, fumando um cigarro atrás do outro e despejando a sujeira das minhas idéias naquele papel engordurado. Para que outro pobre diabo lesse uma história de má sorte que não fosse a sua própria. Às vezes, saber que as outras pessoas têm problemas nos conforta um pouco. Um pouco.
    Esse tempo ficou pra trás. Agora bebo menos, quase não fumo e despejo minha sujeira nessa tela branca e ainda tem gente que gosta... Vai entender. Tanta gente doida nesse mundo, gente diferente, gente igual. Gente que agora se comunica o tempo todo, como se estivessem ligadas por fios, recebendo choques de vários lados. Me preocupo com essa interação. Muita gente, muita comunicação, muitas idéias... Isso não dá certo!
   Sou um pouco egoísta, meio vaidoso, não gosto de muitas opiniões. Gosto de quem não concorda, mas não suporto quem diz que estou errado. Tudo é relativo, tudo tem seu lado. Por mais que muitas vezes me engane, eu fico cansado de tentar fazer dar certo. O fracasso está sempre por perto.
   Ainda me perco, em ruas que não conheço, nessa cidade inesgotável. Ainda me perco nos balcões dos bares, nos banheiros sujos, me perco sentado no meio-fio. Ainda me perco em labirintos, em esquinas, nos cruzamentos sem semáforo, no trânsito. Me perco na lembrança da boca dela, as mãos deslizando nas curvas entre a cintura e o quadril. Mas ela sempre vai, ela sempre sai. Mesmo com o frio que faz, ela não pode ficar. Ela é diferente, acorda cedo, se esforça. Ela encontra tempo para tudo, as coisas que precisa e as coisas que gosta de fazer.
   É engraçado tentar escrever ou pensar em outra coisa. Ela é ciumenta, gosta de atenção, não me deixa pensar em muita coisa por tempo demais. Ela tira as coisas do lugar, vira o mundo de cabeça pra baixo, e de repente é só ela que importa. É como se as leis da gravidade não se aplicassem mais, é tão difícil deixar tudo no ar como ela faz. 
   Ainda me pego pensando em mim, do dinheiro que preciso, da azia que não me larga. Ainda me pego pensando na chuva, nos carros passando, no silêncio do mundo quando acaba a força. Ainda me pego pensando nos vícios, nos desenhos amassados, nas palavras mal escolhidas. Ainda me pego pensando nos amigos que não vejo, nos livros que eu não li, nos dias que não voltam mais. Ainda me pego pensando que tudo isso que penso sempre dá lugar a ela, e que nada faz-me pensar como ela faz.