"Não me roube a solidão sem antes me oferecer verdadeira companhia."


Friedrich Nietzsche



segunda-feira, 28 de fevereiro de 2011

Stardust

   Elas surgem aos poucos, quando os olhos se acostumam à falta de alguma claridade relevante do lado de fora de casa, enquanto a pele se acostuma ao vento frio que corta após a chuva de um dia cinza por inteiro. De repente somem, por trás da fumaça negra cuspida por toda a cidade ou através de um ponto cego, mas a vista continua garimpando o brilho claro entre a escuridão.

   As vezes aparecem como reticências, pontilhando este  quadro negro com todos os seus minúsculos riscos de giz, espalhando poeira, raramente riscando e sendo apagado de uma só vez, abençoandos os que mais carecem de sua famosa capacidade de realizar desejos e trazer boa sorte. As vezes giram ao redor desta órbita, como em uma embriaguez de uísque ou gim. Quase sempre ignoradas, pedaços de um infinito, esquecidos entre uma ou outra constelação.

   Tão distantes, que mesmo mortas demoram a se apagar, mesmo vivas costumam não aparecer. Talvez por conta dessa cidade maldita, quase sempre tão iluminada, atrasada e ocupada, desapareçam aos olhos de quem não tem mais vontade ou capacidade de se permitir alguns momentos de calma. Momentos para simplesmente ouvir o som que o silêncio faz, para realmente enxergar essa galáxia de míseras estrelas ofuscadas por toda essa luz falsa e mentirosa.

quinta-feira, 17 de fevereiro de 2011

Our place is right here...

"...you say that nothing changes and everything that you're feeling is very clear..."


Pegue um copo e sente-se! Você não precisa de tanto agora. Isso tudo acaba igual de uma forma diferente. Se não quiser falar, eu vou entender, até porque me cansa as vezes com seu disco riscado. Eu sei que é normal, acaba sendo ensaiado as vezes e mesmo quando dizemos que não, acabamos julgando tudo isso. No final, somos só amigos, certo?
Os melhores amigos são os bons amigos que sabem qual é o momento de beber, o momento de falar e o momento em que os dois acabam sendo permitidos simultaneamente. Não me pergunte outra vez o que é que eu estou te oferecendo. Confie, beba e agradeça ou recuse.
Bons amigos... Elementar, meu caro! Defina-me como quiser, é apenas outro nome. Nomes quase nunca representam ou definem sensações e sentimentos. Bons amigos não são mais velhos, mais novos. Alguns mal se conhecem. Pare com essa mania de concordar, de dizer o que os outros querem ouvir... Seja um bom amigo, não tente ser bom pra mim, não tente agradar ou fingir que entende. Só seja um bom amigo e me leve pra beber uma cerveja longe daqui. Pois bons amigos não são os que precisamos ou queremos. Bons amigos são os que nós merecemos.

"...Everyone want be the only one that everybody see..."

terça-feira, 15 de fevereiro de 2011

Como o amor... Talvez.

Se te incomodas, não te satisfaz; Se ainda pensa em tudo aquilo, por que não me procuras? Se a distância amplificou a arrogância e mesmo assim você não sabe se deve continuar, por que não me procuras?
Por que vinde a mim se nada tem à dizer? Apenas respirar o mesmo ar? Profanar o mesmo lar? Por que vens se nada tens à me falar. Se nada mostra-me e nada quero ver?


Não... Você não é mais que um reflexo, mais que um retrato, muito menos que um quadro na parede. Torna-se hoje muito menos do que era ontem. Perde-se pelos dias por andar de alma nua, perdendo se aos muitos, entre prédios e ruas.
Mas tudo bem, agora volta a procurar em outras faces a minha fisionomia, em outros gestos a minha grosseria. Tudo que me definia pra ti, tudo que chamou-lhe a atenção e, em seguida, despedaçou sua consideração, como se o imã que atrái, em um segundo, afastasse tudo.
Não... Você não é o que permite-se ser; não é o que busca ser. Você não é mais você do que eu. Nunca foi perfeita para alguém e nunca saberás se um dia ainda será. De tudo o que diz ser és apenas algo: atriz. Uma atriz de meias verdades, que tenta a todo tempo se definir e se explicar, que está viva, nesse mundo, mas isso não basta.
Mas saiba que não quero nada com tudo isso, acostumei-me com bem pouco. Se não vens, não é porque esqueceste do caminho, mas sim porque te negaste a trilhá-lo. Não me importo com teu destino, tampouco sobre suas escolhas. "Venha quando quiser, ligue, chame, escreva", venha com teu sim ou com teu não. Só não me engane mais com teu talvez.