"Não me roube a solidão sem antes me oferecer verdadeira companhia."


Friedrich Nietzsche



sexta-feira, 22 de abril de 2011

Translação

   A aurora celestial dos olhos, marcando o tempo em olhares, saudando a tarde que cai e arrasta o sol para o horizonte. Toda a calma que somente todo esse desespero pode nos proporcionar. A paciência necessária para agir com rapidez, pois não há revolução feita em um só dia de paz. Gastando muitas horas para medir alguns minutos.

   Ao redor destes cálculos existem vidas baseadas em fracções. Vidas que não encontram outro sentido além do contínuo movimento das eras. Gerações devorando geradores. Oprimidos oprimindo os opressores. Devastando seus ideias ultrapassados na velocidade de um pensamento, entre as atrocidades de um novo tempo.

   É preciso se embriagar, é preciso organizar o caos e anarquizar a ordem, pra viver em câmara lenta, em oito milímetros, em preto e branco. Com a obrigação de viver nas entranhas das velhas leis, nas ruínas de outro século. O dever de construir e reciclar. Cimento sobre cimento. Alimentando a cidade suja e faminta. Ensinando as crianças a se viciarem pelo sabor acre e tóxico da velocidade.

   Transmitir novas ideias! Remontar velhos pontos de vista. Discutir nossas inovações e descobrir novas terras. Seguir em um caminho diferente. Afinal, somos todos capazes de feitos milagrosos. Podemos enxergar que temos o mundo às mãos e não nas costas. Vamos fazer um acordo: Nunca mais apontaremos os defeitos alheios por não termos nada melhor para dizer de nós mesmos.

Anestesia, por favor! Um jato de boa noite em minhas veias, que me faça esquecer disso tudo. Lembre-se: Liberdade é muito mais do que podem nos dar. As pessoas sempre têm algo pra dizer e algumas dizem que podemos escolher entre o bem e o mal. Nós sempre escolhemos o bem; o mal acontece.


(...em algum dia nublado de 2006)