"Não me roube a solidão sem antes me oferecer verdadeira companhia."


Friedrich Nietzsche



sábado, 10 de dezembro de 2011

Like a stray dog.

   Eu estou sempre por perto... Mesmo quando desapareço. Preste atenção, as coisas não mudaram tanto assim e você consegue me encontrar se quiser. Ainda estou na mesma casa, na mesma cidade, com o mesmo número de telefone.
   Neruda me disse: "É tão curto o amor, tão longo o esquecimento." e quer saber, ele tem toda a razão. A questão é que eu sou um cachorro que cansa rápido de correr atrás de um carro que eu sei que não vai parar, pelo menos não tão cedo. Eu me canso rápido.
   E quer saber? Outros carros vão passar sem que eu precise mudar de rua. Os carros vão passar. Quer mais? Posso correr atrás de carteiros e de gatos também. A rua me dá isso, sem que eu precise pedir, ela me oferece isso. Além do mais, sempre haverá alguém pra me proibir de entrar, me espantar dos lugares onde não devia estar, sempre haverá um lugar onde eu consiga me alimentar.
   Não há fronteiras nesta cidade cinza, são apenas linhas imaginárias que eu evito de pisar. São rachaduras neste chão impermeável, por onde as raízes das árvores respiram. A única fronteira que nos aprisiona é a fronteira da alma. Mas você não deve entender isso, na verdade eu mesmo não chego perto de entender.
   Mas você sabe, estou sempre por perto. Dentro ou fora de garrafas, em meio às folhas dos seus livros ou das plantas da sua casa. Estou dentro de cada gole curto de vinho que desce por sua garganta. Estou sempre ao alcance e você nem mesmo precisa se esticar demais. Eu estou aqui. E você? Onde está?

"Little sister. I've been sleeping in the street again. Like a stray dog."

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