"Não me roube a solidão sem antes me oferecer verdadeira companhia."


Friedrich Nietzsche



terça-feira, 4 de janeiro de 2011

Amém...

É tudo uma questão de paciência. É uma questão de ter a sorte de estar no lugar certo e na hora certa para assistir um grande espetáculo, direto das primeiras fileiras desse teatro construído por mentiras e alucinações. Ela não se deixa fascinar por suas atuações, ela mantém-se à distância, governando seu estado de espírito afastada de qualquer revolução ou motim.
Ela continua mantendo sua irrefreável política de pão e circo, aplicando seu famoso status-quo pra ter tudo debaixo de seus sapatos, todo seu universo nas rédeas, bem controlados e funcionando direito.
Você se contenta, afinal ela mata sua fome, não sempre que você quer ou precisa e sim quando você já não acha mais suportável.
O pão nosso de cada dia nos dai hoje. Perdoai nossas ofensas..
Ela lhe distrai quando precisa te enganar e faz isso bem. Ela gosta da sua cidadania e de que você escute e aprenda o que ela te ensina, cumprindo suas leis, honrando suas regras. Afinal, você daria sua própria vida à ela em qualquer guerra, para proteger as fronteiras do corpo que só você crê possuir autorização para ultrapassar. Proteger os recursos naturais que só você crê poder extrair. Escreve hinos em sua homenagem e poemas quando, por ventura, sente-se exilado de sua companhia.
No fundo, por mais que faça, sabes bem que ela lembra-se de ti quando precisa e esquece-lhe com a rapidez de um piscar de olhos, no instante de um pensamento. Mas é nela que moras e procuras abrigo. Pouco importa os protestos por aumento de atenção ou reforma de benevolências, ela sempre dá de ombros, reprimindo suas reivindicações com um olhar com o peso dos escudos e armas de toda uma tropa de choque. Mas quando pára pra pensar, você sente-se grato, santificando seu nome, indo até seu reino, fazendo sempre sua vontade, assim na terra como no céu. Perdoa suas dívidas, deixa-se cair em tentação. Conforma-se e agradece, como um escravo alforriado que não se vai, pois não sabe mais viver em liberdade.

Um comentário:

Juliana disse...

Afinal de contas, a venera porque tem por ela tanto amor e tanta posse que não poderia viver de outra forma, ou porque acha que tratando-a desta forma a traz mais para perto de si? Será que a trata desta forma porque a julga viciada nesta adoração, que ela nunca saberá se é fingida ou não?
Aguardo...