"Não me roube a solidão sem antes me oferecer verdadeira companhia."


Friedrich Nietzsche



quinta-feira, 13 de janeiro de 2011

Sweetness...

Percebe-se agora o desejo indiscreto e imprudente de saber o que há por baixo deste véu. Percebe-se esta nova curiosidade irremediável, este interesse inexplicável em descobrir o que há por baixo desses arranhões, lacerando-os até torná-los feridas abertas que não se deixam cicatrizar, para assim revelar seus mistérios tão impregnados entre a carne e ossos, protegidos por uma pele fina.

Sente-se o gosto doce de uma novidade surpreendente, um sabor tão irresistível que ignora-se subitamente os avisos e conselhos dos que não se arriscam a senti-lo. Perde-se o bom senso atrás das respostas que queremos, para as perguntas que muitas vezes já conhecemos. Embora as vezes não seja tão doce assim, no final, o gosto sempre dura pouco e volta-se a  procurá-lo em um novo segredo que interesse ou satisfaça o desejo incomensurável de experimentar o novo.

Lembra-se de todas as dificuldades enfrentadas para tê-lo quebrando-se por entre os dentes, em centenas de pedaços que deixam sua impressão na boca conforme são mastigados. Lembra-se também de não permitir que a dificuldade se transforme em orgulho ou em impedimento absoluto, pois o difícil torna-se interessante, porém torna-se cansativo quando o difícil pensa que é impossível.

Enfim, corre-se atrás de conhecer o que a discrição tem a ocultar. Arrisca-se a saber e experienciar a sensação do desconhecido, aparecendo por trás das cortinas, entrando em cena. Permitindo que essa curiosidade irresponsável tome conta de seu apetite e anseios. Apostando suas últimas fichas de coragem em um destino inesperado, admirável ou arrebatador, apenas para sentir a verdade descer-lhe pela garganta, mesmo que não seja tão doce. Mesmo que o seu gosto não dure tanto. 

Um comentário:

Juliana disse...

Hoje, abaixei o som e li o texto em voz alta; hoje tive que prestar mais atenção para conseguir que o texto se tornasse algo que eu imaginaria; hoje, tive a impressão de ser o texto uma descrição da parte interior de um ser humano: dos anseios, dos medos e da dificuldade que é encarar uma tela branca e nela espelhar o que lhe vai na mente.
Afinal, adentrar a própria mente poderia mesmo ser mais assustador do que lançar-se ao novo... e é do novo que falamos.
Hoje, li o texto outras vezes.