"Não me roube a solidão sem antes me oferecer verdadeira companhia."


Friedrich Nietzsche



quarta-feira, 10 de agosto de 2011

...como tentar definir as cores para um cego.

   Eis que derrama-se o mel pelo canto dos lábios. Escorre pelo pescoço como a seiva de uma árvore, como o suor. Uma gota de vela derretida, uma lágrima branca caindo. Cada suspiro que damos não volta, não retorna ao peito o ar que já usamos. Tentaram de tudo, mas ainda caímos sem pára-quedas. É raro, mas minha imaginação falha de tempo em tempo, por sobrecarga, por sobriedade. É como tentar definir as cores para um cego e executar uma sinfonia para um surdo.
    É fácil! Dentro do conjunto se destacam os melhores indivíduos, assim como as melhores frases do texto. Cansamos de saber que no melhor lugar só estão os melhores. São voltas da vida, às vezes acelerando, às vezes com o pé no freio, mas nunca parada. Às vezes é tão difícil acreditar em quem está ao lado. Mas deixe que tudo pareça desconexo hoje, porque isso muda o cenário, pinta um sol amarelo por cima da tua tempestade. Talvez você arrume algo pra beber, fumar ou usar. Talvez encontre uma briga para por fim ou para começar.
    Depois de um tempo é possível tanger o inconsciente, deixá-lo sair pra fora do corpo. Explodindo pelos sete buracos da cabeça, fugindo, correndo, irradiando. Então espera-se que volte, com novas luzes para os olhos. Novos sabores, explodindo nas línguas. Aromas aguçando o faro e músicas para os ouvidos. Um festival de novidades, uma nascente brotando da terra velha. A germinação de experiências.
    Mas  é claro, devem estar se perguntando o que eu quero dizer com tudo isso. Fato é que não importa a razão que tenho quando escolho palavras. O relevante é o que pode-se interpretar. O indispensável é somente o que alguém encontra sentido e reconhecimento. De resto sobram frases ruins e tentativas, ambas efêmeras. Tente não seguir a maioria e procurar qualquer sentido evidente, tente resolver as palavras cruzadas sem olhar as dicas no rodapé. Pois é tão transitório, previsível e repulsivo. Não tenha medo de que o amor seja breve, de que seja só uma carona, um passageiro que desce no próximo ponto. Só tenha medo de não abrir-lhe as portas e convidá-lo para dar uma volta.

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