"Não me roube a solidão sem antes me oferecer verdadeira companhia."


Friedrich Nietzsche



quinta-feira, 7 de outubro de 2010

Como uma pedra...

...sim, ela sempre foi como uma pedra, no leito de um rio, no meio da estrada, talvez até estilhaçando alguma vidraça. Tão sólida, tão bruta no explendor de suas poucas cores. Foi como uma rocha, a Rolling Stone, despencando de qualquer abismo, deixando pequenos pedaços de si por onde esbarrava, deixando marcas por onde passava e levando consigo fragmentos do que atingia.
Ela sempre foi como uma pedra, preciosa ou não, mas sempre uma pedra que ainda não foi lapidada e talvez nunca será. Aquela pedra no leito de um rio, que tudo suporta, que às vezes é carregada pela correnteza, mas logo encontra outro lugar para se fixar.
A pedra que todos admiraram de longe e acabaram se despedaçando contra ela por chegarem perto demais. A pedra no meio do caminho, que alguns se desviaram temendo os riscos. A pedra que alguns chutaram, desprezando seu hipotético valor. A pedra em que alguns tropeçaram, não percebendo seus perigos ou não confiando-lhe a definição de obstáculo.
Sempre como uma pedra, estilhaçando vidraças. Sendo lançada contra algo e, consequentemente, sendo atingida de volta, incontáveis vezes, como se fosse feita pra isso. Como se essa fosse sua importância, seu sinônimo. A pedra fundamental, a pedra na qual alguém sentou-se para descansar e admirar a vista. A pedra que alguém colocou em um anel, a pedra que todos ignoraram e acabaram esmagados por seu peso, a qual todos julgaram-se mais sólidos. A pedra que suporta, que tudo aguenta e tudo sustenta, porque foi feita pra isso. Suportar a pressão e manter-se em seu lugar.