"Não me roube a solidão sem antes me oferecer verdadeira companhia."


Friedrich Nietzsche



segunda-feira, 8 de novembro de 2010

21/07/08 - 08/11/10

É a sua vez, então você beija sua mão fechada e gira os dados por entre seus dedos em chamas. Você imagina, talvez seja mais que imaginação, na verdade, você tenta manipular o destino. Dá uma ultima tragada no seu cigarro, enquanto todos os olhos te golpeiam. Fecha os olhos e sente os dados pegarem fogo como um palito de fósforo aceso dentro da sua mão.

Você está realmente pronto pra ganhar? Sabe qual o preço a pagar se não estiver? Você sabe, sabe muito bem disso. Mas não é o que te importa agora, certo? Você joga os dados e apenas assiste o destino acontecendo bem na sua frente e é como presenciar um milagre. Mas agora tudo o que você pode fazer é esperar. Esperar e sussurrar o seu número da sorte: Sete! Um “três” e um “quatro”. Sete, você precisa apenas de um maldito sete, que o maldito três e o maldito quatro fiquem para cima para que você possa beber seu uísque, feliz!

O dado cai e colide contra o tecido verde da mesa, volta ao ar, rodopia e colide outra vez, volta à mesa e resolve ficar nela desta vez, suavemente, como se dormisse no veludo. A atmosfera em volta da mesa te sufoca. Homens de gravatas italianas com garotas vinte anos mais jovens no colo, bebem Bourbon, fumam cigarrilhas e pagam Martinis e Cosmopolytans para as moças. Mas todos permanecem atentos, como se pudessem mudar os resultados.

É quando a sorte invade o salão, bebendo cerveja, pois não liga se parece vulgar ou não. Vulgar é viver de mascara, fingindo moralidade e integridade deixando mulheres e filhos em casa pra ir ao puteiro pra se sentir capaz, homem ou algo que o valha. A sorte então senta-se ao seu lado e coloca em sua mão, mais do que uma oportunidade, mas sim uma escolha. Não se engane, você tem sim uma escolha, ou tinha. Mas com absoluta certeza teria se tivesse escutado a voz dela em seu ouvido. Agora é só você e o destino, você e os olhares dos donos da verdade. Agora é só você, apostando até o que você não tem pra tentar ganhar o que disseram que você precisa.

André Rossetto.

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